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Mostrando postagens de abril, 2015

O estadista Caifás

Se hoje é dia de malhar o Judas, respeito a tradição - embora o considere um pobre diabo que tem sido muito mal pago pelo serviço sujo que o chefe lhe reservou e ele executou fiel, bravamente. Mas hoje acordei com fome e sede de justiça e, mesmo não crendo na paixão de ontem nem na ressurreição de amanhã, creio em que serei saciado. Feliz seja, pois. Se Judas não me pinga no pires, que escorra Caifás da xícara - outra personagem a quem os dramaturgos bíblicos deram papel sórdido, embaçando à posteridade a visão do estadista que provou ser. Duvida, moça? Leia Geza Vermes. Preguiça, moço? Li eu e lhe digo. O professor Vermes - que nasceu judeu, cresceu católico, tomou e largou a batina, morreu emérito de Oxford - escreveu as duas páginas mais justas sobre o que se passou em Jerusalém naqueles dias confusos. Os cristãos viram em Caifás o sumo sacerdote que entregou Jesus à morte, diz ele, e se esqueceram do líder que preservou seu povo (e seu posto) da violênc