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Mostrando postagens de setembro, 2016

Uma causa perdida

Não sei ao certo quando começou a acontecer.  Há quem diga que a culpa foi do tamagotchi, outros afirmam que o processo é mais antigo e só do orkut pra cá é que a coisa toda ficou evidente, e ainda há quem negue todo e qualquer sinal de colapso. O fato é que ninguém mais se dispõe a uma rodada de Sueca, a uma partida de Detetive ou a quatro horas de War para conquistar Europa, América do Sul e um terceiro continente de livre escolha. E eu suponho que tudo começou naquele verão terrível em que derrubaram o muro do Poço para abrir uma avenida. Dali em diante, fomos proibidos de freqüentar a calçada e condenados à tevê. O leitor exigente perguntará o que tem a ver a calçada com o fim dos velhos jogos. E eu responderei que nada, à primeira vista; como nada teve o cercamento dos campos com a obra de Charles Dickens. Mas para um lado vai a razão, para outro o coração. E até ficariam assim, sossegadamente desquitados, não fosse a vontade de embaralhar car

Notas à beira do 7 de setembro

O presidente da República foi à tevê no dia da posse e anunciou que a hora é de reconciliação. Nunca sei ao certo o que querem dizer os mais otimistas quando se referem à reconciliação no Brasil. Vamos ficar com os anos de Independência, que fecham em 194 daqui a quatro dias. Se reconciliar é tornar à conciliação primitiva, certamente o primitivo aí não se refere ao tempo em que engatinhávamos. Quem duvidar, pergunte a Libero Badaró ou escute o canto das garrafadas. Aqueles, foram anos de tumulto. Assim como os seguintes: liberais, escravos, conservadores na oposição, todos se revoltavam. O brasileiro mais ilustrado e esperto daquela época foi d. Pedro II, que criou a figura do chefe de gabinete (um prime minister tupiniquim) para levar os solavancos em seu lugar. Foi a sacada do século! O imperador se manteve no posto, inabalável, por 49 anos e só caiu por conta de uma fofoca do major Sólon. Isso mesmo. Porque os republicanos de vergonha esperav