Carlos Heitor Cony vinha cansando. Suas últimas crônicas pareciam cafezinho requentado com a própria borra. Ainda assim, eu gostava de ter dois dedos de prosa com elas. Ele era o caso do cronista que passou de pai pra filho. Meu pai o lia desde os anos 60. Era e é fã daquela combinação de humor ácido e desencanto com erudição de seminarista. Não lembro ao certo quando foi que ele me passou o gosto. Na verdade, parece que desde sempre Cony esteve entre nós, como um amigo da família que vem papear no almoço. Ainda hoje, quando me liga entre o finalzinho da tarde e o comecinho da noite, meu pai pergunta: - Leu Cony por esses dias? E dá uma gargalhada comentando esse gracejo ou aquela tirada que, de repente, espantam a náusea e o tédio. Eu rio junto, com aquela risada que só Nelson Rodrigues me tira. Tudo bem que a reputação literária de Cony se firmou no romance. Mas, cá entre nós, tenho uma preguiça danada de ler romances. Prefiro um calhamaç
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