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Mostrando postagens de janeiro, 2018

Cony cansado

Carlos Heitor Cony vinha cansando. Suas últimas crônicas pareciam cafezinho requentado com a própria borra. Ainda assim, eu gostava de ter dois dedos de prosa com elas. Ele era o caso do cronista que passou de pai pra filho. Meu pai o lia desde os anos 60. Era e é fã daquela combinação de humor ácido e desencanto com erudição de seminarista. Não lembro ao certo quando foi que ele me passou o gosto. Na verdade, parece que desde sempre Cony esteve entre nós, como um amigo da família que vem papear no almoço. Ainda hoje, quando me liga entre o finalzinho da tarde e o comecinho da noite, meu pai pergunta: - Leu Cony por esses dias? E dá uma gargalhada comentando esse gracejo ou aquela tirada que, de repente, espantam a náusea e o tédio. Eu rio junto, com aquela risada que só Nelson Rodrigues me tira. Tudo bem que a reputação literária de Cony se firmou no romance. Mas, cá entre nós, tenho uma preguiça danada de ler romances. Prefiro um calhamaç

Contra o calor do zap

Vocês vão me dizer que sou ranzinza, e eu não lhes tiro a razão. O fato é que, coisa de uns seis meses atrás, bateu não sei que revolta e eu me retirei dos grupos de whatsapp. Não de todos, que estou longe de ser um radical. Mas só fiquei na meia dúzia que congrega os íntimos, os que moram longe de mim e os que não fazem relatório até do espirro. A coisa toda foi indolor e, exceto por um ou outro amigo receoso de ter me ofendido com o papo de mesa de bar, ninguém deu conta de haver menos um naquelas muvucas. Mais que isso. Também avisei aos amigos que não discutiria mais nada sério pelo zap e, se alguém insistisse nisso, eu chamaria para um drink ou deixaria o sujeito falando sozinho. Agora, se vocês me acharam ranzinza, eu só lhes digo uma coisa: a vida por aqui ficou tão mais feliz que já considero até a possibilidade de ir à praia e dar umas braçadas no mar. Talvez tudo isso não passe de um defeito meu, que não tenho paciência para telecomunicaçõe