Fui ajudar meu pai a declarar o imposto de renda e o encontrei revoltado com o Papa. Que o presidente da República diga asneiras, mal se tolera, mas o presidente não passa de um homem. Já o Papa é o Papa. Bispo de Roma, Sucessor de Pedro, Patriarca do Ocidente, Vigário de Cristo na Terra. O Papa não pode se dar ao luxo de soltar gracinhas; ele fala por Deus e Deus não fala tolices. Meu pai não chega a ser um católico praticante. Talvez, seja muito mais um católico por formação que por convicção. E sua formação se iniciou nos anos 50, quando pontificava em Roma o Papa Pio XII. Eugênio Pacelli foi um pontífice muito solene. Estava tão convencido de representar Deus que cada gesto, cada palavra, cada piscar de olho seu era encharcado de sacralidade e mistério. Os funcionários do Vaticano, por exemplo, eram instruídos a se esconder quando o Papa aparecia. Afinal, se Deus não podia ser visto em sua glória, por que se veria o reflexo do seu esplendor? Pio XII acreditava de tal modo que falav
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