Vovô José contava que, quando a primeira igreja protestante se instalou em Cajazeiras, o bispo católico reuniu o rebanho na missa dominical e decretou a morte civil dos estranhos no gado. Que ninguém dirigisse a palavra aos hereges, fechasse qualquer negócio com eles ou lhes desse sequer o alívio de uma fruta na feira, de um copo com água, de um sorriso acanhado. Sentado na segunda cadeira e morador do casarão cruzando a rua ao lado, o coronel Peba assistia a tudo com o silêncio e a pose de quem consentia a continuidade da velha e santa aliança. Decreto baixado, missão confiada, partiram todos na paz que a ordem traz. Até que, um belo dia, dois protestantes apareceram na vendinha improvisada que os meus bisavós mantinham na cidade quando a falta d'água ameaçava deixá-los sem mantimentos no campo. Balconista, vovô entrou em guerra civil. Se cumprisse o veto, não faria a venda; se fizesse a venda, iria pro inferno. Mas também, o que a
As crônicas de Thiago Lia Fook no Facebook