Durante algum tempo, Júlio César foi minha preferida das cinco ou seis peças de Shakespeare que li ou vi encenadas. Não por César, Antônio ou o povo romano, esses três fios explosivos por onde se tece a linha pública do drama. Mas por Bruto, o jovem Bruto, em cuja mente Shakespeare mergulha para nos dar o que interessa: o conflito humano. "O pobre Bruto em guerra contra si / esquece o amor devido aos outros homens" - eis a pedra que me parece angular. Por descender de quem expulsou o último rei de Roma, Bruto deve liderar a conspiração para salvar a República. Por amar César, entretanto, Bruto reluta em aceitar o encargo que os patrícios querem atar ao seu punho. O personagem do século XVI faz a figura histórica do século I a.C. encarnar o dilema moderno da emoção contra o dever. Vence o dever, mas não a República. E Bruto morre. * Mas eis que me chega às mãos o Romeu e Julieta traduzido por José Francisco Botelho para a Companhia das Letras.
As crônicas de Thiago Lia Fook no Facebook