eu vendo o carro pra rebobinar a fita e reabro a Tela Vídeo só pra fazer matinê com aqueles filmes de arte que ficavam no fundo da loja e muito, muito lentamente se renovavam. Melhor que isso. Se nada der certo, também vendo o apartamento, quito a dívida imobiliária e compro um terreno bem grande só pra fazer um novo parque do povo, cheio de ópera e repente. E se nada disso der certo, aperto o cinto em casa, faço um consignado no banco e custeio a angioplastia de mainha, pra pagar o dano dessa aventura toda em seu coracisco. Ou ainda! Se nada der certo, vendo o relógio de algibeira ao relojoeiro que aboticou os olhos pra ele, compro uma carrada de livro velho no sebo e inicio o meu próprio negócio com as traças. Sem falar que me sobram uns mil réis na poupança e, se nada der certo, eu faço a mala, compro a passagem e me mudo pro Leste Asiático; vou ensinar português brasileiro em Macau. E se nada der certo, vendo os direitos autora
As crônicas de Thiago Lia Fook no Facebook