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Mostrando postagens de junho, 2017

Se nada der certo,

eu vendo o carro pra rebobinar a fita e reabro a Tela Vídeo só pra fazer matinê com aqueles filmes de arte que ficavam no fundo da loja e muito, muito lentamente se renovavam. Melhor que isso.  Se nada der certo, também vendo o apartamento, quito a dívida imobiliária e compro um terreno bem grande só pra fazer um novo parque do povo, cheio de ópera e repente. E se nada disso der certo, aperto o cinto em casa, faço um consignado no banco e custeio a angioplastia de mainha, pra pagar o dano dessa aventura toda em seu coracisco. Ou ainda! Se nada der certo, vendo o relógio de algibeira ao relojoeiro que aboticou os olhos pra ele, compro uma carrada de livro velho no sebo e inicio o meu próprio negócio com as traças. Sem falar que me sobram uns mil réis na poupança e, se nada der certo, eu faço a mala, compro a passagem e me mudo pro Leste Asiático; vou ensinar português brasileiro em Macau. E se nada der certo, vendo os direitos autora

Coco Chanel para presidente

Dia desses, um convite de casamento me fez tirar o paletó do armário. O mofo reinava de tal modo que foi preciso levar os panos para a lavagem antes mesmo de suá-los na igreja. Dezesseis anos arrastando correntes no mundo forense e até agora consegui a proeza de não assar no forno de nossa terra, para lá de tropical, embalado em paletó e gravata. Ufa! No começo do século, fui ao fórum de Campina Grande para protocolar uma petição como estagiário da Defensoria Pública. Um colega me viu lá em mangas de camisa e disse: - Ei, isso não é traje para o ambiente. Eu o vi sufocado pela insensatez de um paletó a trinta graus e perguntei se aquilo era o ultraje ao Ambiente. Mas, voltemos ao casório, que é de lá que vem a crônica de hoje. Quando veio o dia da festa, eu percebi que o mofo tinha ido além dos panos; estava em mim, que não sabia mais como me meter naquela indumentária de defunto bem comportado. Vesti a calça, ensaquei a camisa e, na gravata, deu um