Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de dezembro, 2016

Na modorra de trezentos verões

De repente, subo a serra e encontro Campina Grande como se ela tivesse dado um salto para julho. Céu de chumbo, chuva nos telhados, vento fresco pela janela. Se eu tivesse nos pulmões a força de um furacão, sopraria estas nuvens para Boqueirão e as manteria lá, pagando por sua ausência prolongada, até julho de fato chegar. Mas não tenho; como não tenho a força da oratória para arrebatar quem já padece ou quem brevemente não mais poderá se esconder em poços e caixas d'água. Tudo o que faço é botar os violinos do concerto duplo de Bach pra me embalar na quietude de uma manhã sem passado nem futuro que venham lembrar suas faturas. E lá vai um violino fugindo do outro, como os deuses vão da humanidade ou os amados dos amantes ou ainda a sala de mim mesmo, até que os tímpanos vibram: - Tá faltando água. Vai comprar? É Gerusa, a sábia de Santa Terezinha, sem deixar de lado as velhas convicções: - Hoje até que a música combina, mas quando o céu abre