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Mostrando postagens de junho, 2015

A semana em três tópicos

Se o helicóptero que bateu as pás sobre Campina na última terça também estiver pulverizando João Pessoa de segurança, as mulheres já podem bater os pés na calçada ou na praia em paz. Se bem que aproveitei o feriado para caminhar pelo bairro e, de butuca nas esquinas, perguntava-me que socorro viria do céu se um cavalheiro me apontasse a faca ou o revólver cá na terra. Muito barulho por nada? Espero que não. Mas, falando no céu de Campina, finalmente ele aderiu ao inverno e fechou as nuvens ao calor. Mais que isso, vi ontem que ele aderiu também à última corrente do Facebook. Um arco-íris lhe estampava a malha cinzenta por volta das cinco da tarde. Não poderia ser mais contundente a manifestação da cidade que se pretende centro de irradiação cósmica do universo. Aliás, poderia sim. Que a semana deu plumas pras asas. A Folha de S. Paulo noticiou terça-feira que Israel e Hamas estão negociando um deixa-disso em face do avanço do Estado Islâmico na re

Do lado de cá do latim

Há notícia de que Marcelo Odebrecht avisou: "não haverá República na segunda-feira". Tremo, mas não tanto quanto quem certamente não dormiu de ontem pra hoje. Em 2004, Sérgio Moro publicou artigo sobre a Mani Pulite. Dizia ele que ela era objeto de estudo para compreender a corrupção em democracias e a possibilidade de combatê-la judicialmente. Itália, 1992: o país em crise econômica, o sistema político desacreditado, o partido socialista no poder e um de seus homens preso com dinheiro de propina no bolso. Então, veio a delação premiada. E se seguiu a quimioterapia devastadora contra um esquema em metástase. Ao fim, morreram os principais partidos: o do governo e o da oposição. Dezoito anos de análise me trouxeram alguns pequenos progressos, entre os quais a crença moderada nas propriedades regeneradoras da crise. Se esta República há de cair, que caia. Mas um alerta de Moro me faz tremer outra vez: lá, a operação provocou um vácuo polític

Tarja preta

Uma amiga cuja opinião considero costuma me dizer que não há nada melhor na vida que ser normal. Digo que considero, não que concordo. Outro amigo, cuja opinião também considero, tem me dito que Jair Bolsonaro é o que de melhor temos para o Brasil em 2018. E justifica: cara correto, positivo, coerente.  Outras amigas e amigos, não tão tolerantes quanto tolerados, diriam que esta amiga e este amigo merecem unfollow ou algum processo de salvação nacional. Mas gosto dos que me cercam, sobretudo dos que divergem. Não tanto pelo debate, que sou avesso à polêmica, mas porque, no redemoinho da consciência, é no que dizem que penso. Vejam vocês o caso da amiga normal. Normalíssima, por sinal. Santa mãe, modelo de esposa; não dorme sem antes fazer suas preces e tomar a pílula diária do tarja preta.  Comentei o caso com o psicanalista, que pôs pimenta na charada alheia: "nada melhor na vida que remédio controlado para não deixar de ser normal"