Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de maio, 2019

Ode a Frederica

Não sei ao certo como e quando a gente começa a amar uma cidade. Sei que, no começo de tudo, odiei João Pessoa como um degredado odeia a terra para onde é despachado. E aqui vivi, durante anos, dentro de uma maleta de três palmos cúbicos, pronto para sacudir a poeira dos sapatos a qualquer milésimo de segundo e correr para o perdido lar. Era o banzo arrochando o peito e o calor soprando os fornos do Inferno no rosto. Era o cativeiro burocrático prendendo os passos e a casa de vovó chamando de volta à liberdade. Até que um dia descobri uma pracinha de Manaíra e botei na cabeça que, se eu morasse lá, seria menos infeliz. Demorou quase sete anos, mas me mudei pra cá. E sabem que mais? No dia em que entregou as chaves do apartamento, o senhorio me olhou nos olhos, estendeu a mão e disse apenas: Seja feliz. É um aluguel que até hoje pago sorrindo. Aí foi que alguma coisa aconteceu. O calor, o cativeiro e a saudade não se foram, continuam aí no meu ju