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Mostrando postagens de setembro, 2018

Alvorada

A insônia tem seus ritos e não sou eu, que tenho lá uma queda por rituais, quem vai ludibriá-los. A coisa toda começa antes mesmo de o sujeito tomar dois dedos de água e ir pra cama. Não sei que comichão vai invadindo o corpo e fazendo o inocente pensar em tudo o que pode distrai-lo do sono: a fome do cão, o trabalho por concluir, as camisas a passar... Mas a pessoa sabe que está saciada, que o trabalho pode esperar pela aurora e que as camisas estão todas as noites por passar. Toma, então, a decisão: bebe água e se deita. Por quê? Para quê? São onze e meia, quase doze horas da noite e o camarada sente que já passa da hora de dormir, por isso teima, e lima, e sofre, e sua, mas a pepita não vem. Nem virá. O que vem é a consciência de que não se vai dormir. E logo em seguida, ai meus deuses!, a percepção de por que não se vai dormir. Eis o ponto crucial da insônia. É preciso aceitar sua chegada, é preciso aceitar seu motivo. E deixar que ele salte do c