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Mostrando postagens de janeiro, 2019

Fugere urbem

Dia desses, recebi o anúncio de um edifício lançado em João Pessoa. Coisa bonita, chamativa, fácil. Meia dúzia de cliques e o corretor já me aguardaria dia tal, hora tal. Por que não? Dei os cliques e, chegado o dia, fui bater no local marcado. Cenário de Versalhes, tratamento de Luís XVI. Cortesias, salamaleques, sala vip, circo armado pra fazer de mim o Rei. - Mas, e o apartamento? - perguntei. - Isso vem depois. Porque o agora era Versalhes. Era a pompa com que me envolviam na promessa de pertencer a um seleto clube, feito de spas, shoppings, lounges, piscinas e espaços gourmet. - E o apartamento? - insistia. - Se o senhor aceitar ver a proposta, marcaremos uma demonstração de duas horas pra falar sobre isso. Aceitei. E veio a proposta. Quatro vezes e meia o preço do apartamento de mesmo tamanho que comprei oito anos antes, sem que os custos tenham subido sequer duas vezes. Proposta impressa, ganhei o benefício de três noites com o travesseiro pra pe

Uma questão de vista

Jorge Amado é desses autores a que tenho ido por partes e de diferentes formas ao longo da vida. Talvez por ser vasta sua obra, talvez porque leio de modo muito bagunçado. Nos anos 90, havia quase nada dele entre os livros lá de casa ou dos meus avós. Mas havia o romance completo de Machado. E foi o Bruxo quem um belo dia me pegou de jeito. Assim é que só li, quando adolescente, o que a escola obrigou a ler. Tenda dos Milagres, Quincas Berro d'Água e não lembro se mais algo me atiçou as ereções e os desejos. Já na faculdade, veio a greve. Greve longa, de meio ano, a melhor temporada destes meus anos jurídicos e judiciários, porque eu não tinha compromissos e só tratava de literatura. Jorge Amado morreu por esses dias e algum jornal fez circular uma edição de Dona Flor. Arranhei umas páginas, não engatei na segunda e terminei me transformando com o Jesus de Saramago. Os anos 10 já estavam no horizonte quando voltei ao baiano. Fui lá para o