Não vai fácil, nada fácil, a vida do cronista. Um impeachment aqui, uma ponte que cai no mar, um vice de sorte pelo caminho, uma rainha que faz aniversário acolá. Sorteio o tema, começo o texto e... Nada, nada fácil. O texto firma o pé, cruza os braços e, como menino birrento em dia de ir ao dentista, murmura e tritura, regurgita: aqui não saio, aqui ninguém me risca. Fosse isso apenas, haveria o consolo da poesia; mas, se o cronista desanda em vertigem, o poeta nem anda. Em pane. Em pane, o poeta. Canta, ó Musa, canta! Pior, muito pior que isso. O computador foi dormir e não mais ligou. E a crise no bolso, não melhor que na mente, vai deixando sem adjunto quem já se vê sem o objeto. E a cena se fecha em um riso. Mecânico e lambuzado de tinta, este riso. Riso da velha Remington Ipanema, que engole poeira num canto, e me diz: "foi você quem não quis mais". Vou até ela, faço a corte. Ela exige apenas tinta nova e flanela. Dou-lhe uma, também a s
As crônicas de Thiago Lia Fook no Facebook