Dez anos depois, o telefone fixo voltou a tocar. Miragem auditiva, pensei. Mas minha mãe botou os pés no chão e atendeu a chamada. Pois não. Sim, está. Thiago, pra você. Tantos anos sem morar em casa, mas o telefone ainda toca pra mim. Num segundo, senti-me restituído ao lar. No outro, quase caí de costas. E aí, meu jovem, como é que tu tá? - Jacó?! Jacó Ceroulas foi meu amigo no princípio do século. Ele me apresentou a Rosendo Bulcão e me confiou toda a papelada do finado Marquês de Ariús. Sumiu como surgiu. E voltou! - Por onde você andou, homem de deus? Está bem? Em casa?! Com seu jeitinho peculiar, esbravejou contra deuses, o mundo e a pandemia. Bem que eu dizia, meu jovem, que vocês modernos não sabem de nada mesmo. E vão morrer por isso. - Mas, Jacó, não era você o moderno, ultramoderno, dos três? Era, meu jovem, do verbo ser no pretérito IMPERFEITO! Jacó, o bom e velho Jacó Ceroulas. Vive no campo, bebe do poço e come do que planta. Liguei pra lhe d
As crônicas de Thiago Lia Fook no Facebook