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Mostrando postagens de junho, 2016

Lembranças inglesas

Por esses dias, andei me lembrando de um professor de inglês, nascido na Inglaterra, que certa vez me mostrou uma imagem da rainha, apontou as jóias da coroa, sorriu e disse mansamente: "todas roubadas". Na mesma época, um advogado paquistanês ajuizou ação em um tribunal londrino solicitando a devolução de uma das pedras surrupiadas ao seu país natal. A Justiça negou e o primeiro-ministro se pronunciou. "O problema em um pedido como esse é que você se dá conta de que, se atender ao primeiro, terá que atender a todos os seguintes e isso pode fazer com que, ao fim, a National Gallery fique totalmente vazia." Tudo isso me faz supor que o British humour não nasceu com os ensaístas nem se renovou com Fawlty Towers e Blackadder; talvez seja o resíduo de dois ou três séculos de pilhagem e pirataria mundo afora. Não sei se foi o Brexit que me levou a tais lembranças, mas vi uma cidadã inglesa afirmar que não sabia ao certo as implicações do que estava

20 bestidades em torno do cronista, à moda de uma corrente que vem do Vale do Silício

01. Nasci no século XX, mas fui educado no XIX. Vovô José rezava em latim, vovó Lozinha usava o português segundo Napoleão Mendes de Almeida e o Instituto Pedrosa não devia muito à escolinha do mestre Policarpo naquele conto de Machado. 02. Isso é humor, mas não é brincadeira. Eu já passava dos 10 anos quando aceitei, contrariadíssimo, que nasci em 10 de dezembro de 1983, e não de 1883. Vovó me deu uma cocada de leite extra como prêmio pelo gesto de viabilidade mental e social. 03. Falando em tudo isso, fui votar com vovó no plebiscito de 1993. Aliás, votei por ela. É que vovó tinha dificuldade de enxergar e me entregou a caneta; eu marquei um X na monarquia e outro no parlamentarismo, depois ajudei a depositar a cédula na urna. 04. Já vovô costumava me dar pra ler aqueles livrinhos com a biografia dos grandes homens da humanidade e dizia: “tem que ser um desses, meu filho!”. Até me contaminei com o delírio, mas nunca me achei suficientemente cruel pra ser grande. 05