Por esses dias, andei me lembrando de um professor de inglês, nascido na Inglaterra, que certa vez me mostrou uma imagem da rainha, apontou as jóias da coroa, sorriu e disse mansamente: "todas roubadas". Na mesma época, um advogado paquistanês ajuizou ação em um tribunal londrino solicitando a devolução de uma das pedras surrupiadas ao seu país natal. A Justiça negou e o primeiro-ministro se pronunciou. "O problema em um pedido como esse é que você se dá conta de que, se atender ao primeiro, terá que atender a todos os seguintes e isso pode fazer com que, ao fim, a National Gallery fique totalmente vazia." Tudo isso me faz supor que o British humour não nasceu com os ensaístas nem se renovou com Fawlty Towers e Blackadder; talvez seja o resíduo de dois ou três séculos de pilhagem e pirataria mundo afora. Não sei se foi o Brexit que me levou a tais lembranças, mas vi uma cidadã inglesa afirmar que não sabia ao certo as implicações do que estava
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