Uma amiga cuja opinião considero costuma me dizer que não há nada
melhor na vida que ser normal. Digo que considero, não que concordo.
Outro amigo, cuja opinião também considero, tem me dito que Jair
Bolsonaro é o que de melhor temos para o Brasil em 2018. E justifica:
cara correto, positivo, coerente.
Outras amigas e amigos, não tão tolerantes quanto tolerados, diriam que
esta amiga e este amigo merecem unfollow ou algum processo de salvação
nacional.
Mas gosto dos que me cercam, sobretudo dos que
divergem. Não tanto pelo debate, que sou avesso à polêmica, mas porque,
no redemoinho da consciência, é no que dizem que penso.
Vejam
vocês o caso da amiga normal. Normalíssima, por sinal. Santa mãe, modelo
de esposa; não dorme sem antes fazer suas preces e tomar a pílula
diária do tarja preta.
Comentei o caso com o psicanalista, que
pôs pimenta na charada alheia: "nada melhor na vida que remédio
controlado para não deixar de ser normal".
O remédio pode
controlar o indivíduo que o engole, mas - como tratar a sociedade quando
é ela que parece sair do controle? Talvez, com um tarja preta de carne e
osso.
É por isso que compreendo o amigo meu e de Bolsonaro. Ele
quer que as pessoas trabalhem duro, tenham o pé no chão e se casem com
outras do sexo oposto.
Tudo o que pode instalar o imprevisto e
romper a normalidade o amedronta; prejudica-lhe o negócio e lhe traz
desconforto ao controle remoto. Que tome, pois, seu rivonaro.
Mas
não me leve junto. Como Montaigne, "creio mais dificilmente na
constância dos homens do que em qualquer outra coisa, e em nada mais
facilmente do que na inconstância".
Mesmo assim, minha amiga, ainda não comecei a tomar remédio.
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Vai um rivobaco aí?
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