Houve um tempo em que vi muita televisão. Ali, de meados dos anos 90 a meados dos 00, acompanhava telejornais e programas de entrevistas, via filmes e não perdia a boa e velha novelinha.
Foi o tempo em que Eva Wilma entrou na sala de casa como Zuleika Sampaio, Marietta Berdinazzi, D. Maria I, Luisinha Negrão (a sogra de JK) e Maria Altiva Pedreira de Mendonça e Albuquerque.
Mas ainda não foi aí que me apaixonei por ela. Isso foi obra e arte de Roberto D'Ávila, cuja Conexão eu não perdia - na sexta à noite ou reprisada depois do jantar dominical - nem que a vaca tossisse.
Foi lá que vi Eva Wilma sendo ela mesma. Sentada em um cadeira, falando com inteligência e elegância sobre teatro, cinema, televisão, política e sua própria vida. Nunca mais deixei de amá-la.
Bruna Lombardi era a musa de Mário Quintana, Guilherme Karan era o colírio dos olhos de Sebastiene (uma prima nossa que andava pela casa de vovó), Eva Wilma era a senhora do meu pensamento.
Anos depois, bati às portas do altar e minha noiva dizia que só uma mulher lhe tirava o sono: Eva Wilma. Se ela aparecesse e me dessa trela, tudo estaria perdido. Por outras razões, tudo se perdeu.
Mas Eva Wilma ficou como uma vaga e platônica idéia de perfeição que, como toda e qualquer vaga e platônica idéia de perfeição, espatifa-se na realidade e tem os cacos recolhidos no divã.
Ontem, ao ler sobre sua morte, corri ao YouTube. Nem sinal da entrevista com Roberto D'Ávila. Mas terminei vendo um vídeo em que ela conta da tentativa de ingresso em Hollywood nos anos 60.
Alfred Hitchcock buscava uma atriz cubana para um papel em Topázio. Eva Wilma candidatou-se ao posto e foi a Los Angeles. De cara, arranjaram-lhe defeitos: um dente curto, seios pequenos.
Ainda assim, admitiram-na no teste. Sentada em uma cadeira, frente a frente com Alfred Hitchcock, ela foi submetida a sucessivas provocações pelo diretor, que lhe estudava friamente as reações.
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