As estações do ano são quatro e seus nomes são primavera, verão, outono e inverno. Assim diziam os livros de geografia da 5ª série, naqueles 30 anos longínquos que ficaram muito, muito atrás.
Como não sou geógrafo, reescrevo a Terra com a ciência das metáforas e, com a licença da crônica, digo que as estações do ano, aqui de onde suo, são duas, apenas duas: verão e menos verão.
De repente, janelas e portas abertas não servem mais, o ventilador de três marchas deixa de dar conta do serviço e, aí, a gente vai tomar banho e sai suado do banheiro só de ver a toalha estendida.
Um sujeito descido de 500 metros de serra como eu começa a sentir falta dos dias de menino, coberta e chocolate quente. Mas o mundo anda se aquecendo doidamente - até Campina se perdeu.
Resta enfrentar estoicamente a razão da natureza e botar as bermudas, desvestir as camisas, ocupar a praia ao fim das tardes de sábado e mergulhar no mar - lágrimas de Portugal e África sim,
mas princípio e recomeço da vida.
Afinal, seis meses passam voando como um áudio acelerado no zap, e abril é logo ali. Depois da Páscoa, vem Tiradentes e, antes que chegue o dia das mães, coisas boas recomeçam a acontecer.
De repente, janelas e portas abertas deixam o vento entrar e fazer sala, os aparelhos param de condicionar o ar e um ventiladorzinho, no máximo em primeira marcha, faz dormir em refrescada paz.
As toalhas desfazem a rima com o suor e até os pijamas voltam a fazer sentido. Lá por julho e agosto, vem o vento forte do Atlântico, soprando no ouvido que estava com saudade dos nossos corpos.
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